Alimentos ultraprocessados, prontos para comer, escondem perigos
por trás do sabor gostoso. Se consumidos em excesso, trazem riscos à
saúde
Lydia Minhoto - Edição: MdeMulher
Foto: Getty Images
Esquentar lasanha congelada quando estamos sem tempo, tomar suco de
caixinha em vez de fazer um natural (e sujar o liquidifcador!), comer
barrinha de cereal quando bate fome num dia corrido de trabalho. Não há
como negar: alimentos prontos e semiprontos para consumo, chamados de
ultraprocessados, vieram para facilitar a nossa vida e economizar tempo
na cozinha. Contudo, embora práticos e saborosos, escondem alguns
perigos. É que eles são resultado de uma série de processos industriais
como cozimento, fritura, adição de vitaminas e minerais, salgamento,
enlatamento
e acondicionamento.
Quer exemplos? Prepara-se, pois a lista é grande! Pães (até os
integrais), biscoitos, achocolatados, iogurtes, bolos, sorvetes,
chocolates, barras de cereal, refrigerantes, pratos prépreparados,
hambúrgueres, sopa e macarrão instantâneos, requeijão, manteiga,
enlatados e embutidos como mortadela, salame, presunto, salsicha...
São produtos com mais açúcar, mais gordura saturada, mais sal, mais
substâncias químicas e menos fbra do que o recomendado para uma
alimentação saudável, diz Maluh Barciotte, pesquisadora do Núcleo de
Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP. Segundo ela, se
consumidos em excesso, aumentam o risco de doenças como colesterol,
diabetes, pressão alta, obesidade e até alguns tipos de câncer.
Mas calma! Não é preciso comer só salada e grãos. Entenda os perigos
dos alimentos superindustrializados e veja como equilibrá-los na
alimentação!
Saber decifrar os rótulos é um passo importante
Conservante, estabilizante, corante... aprenda a identificar tudo isso na embalagem!
Avaliar a embalagem de um produto é um jeito esperto de saber o que ele
contém. Por lei, os rótulos devem mostrar os ingredientes em ordem
decrescente de quantidade do que tem mais para o que tem menos.
Alguns bolinhos prontos, por exemplo, têm mais açúcar que farinha. Já
imaginou um bolo com mais açúcar que farinha?, alerta a especialista.
Fique de olho também nas seguintes substâncias:
Conservantes
São usados para aumentar a vida útil do alimento, ou seja, fazer com
durem mais e não sejam atacados por algum micro-organismo. Alguns
exemplos que você encontra facilmente nos rótulos e são bastante
utilizados são ácido benzoico, dióxido de enxofre e nitratos e nitritos.
Estabilizantes
Mantêm a aparência e as condições do alimento. Conservam o biscoito
crocante, evitam que o bolo seque... Exemplos: carragena, extraída de
algas marinhas, goma guar, retirada de um tipo de feijão, e carboximetil
celulose sódica (CMC), feita a partir de celulose e monocloroacetato de
sódio.
Flavorizantes e aromatizantes
Dão a sensação de que o alimento é mais gostoso, intensifcando o
sabor e o cheiro. Muito usados em salgadinhos chips, que têm sabores
como queijo e churrasco. O realçador de sabor glutamato monossódico é
usado na maior parte dos ultraprocessados.
Corantes
Dão ou realçam a cor do alimentos como presuntos e balas de goma.
Muitos corantes usados no Brasil são proibidos em outros países, diz
Maluh. Pesquisas dizem que alguns induzem à hiperatividade infantil,
como os corantes amarelos crepúsculo, quinolina e tartrazina.
Os perigos que escondem os ultraprocessados
Pesquisas mostram que nossa sensação de saciedade é afetada por eles.
Além de ser mais difícil parar de comer, deixamos de identifcar sabores
naturais.
- Têm alto poder calórico, mas a energia é zero. Durante o
processamento, perdem os nutrientes e mantêm as calorias. Por isso,
eles não nutrem. O exemplo máximo disso é o refrigerante, diz Maluh.
- Contêm substâncias que deixam nossos sentidos exacerbados e têm sabor artifcial exagerado.
- São alimentos altamente disponíveis para consumo. Em geral, vêm
embalados em plásticos, caixas, latas ou conservas e estão prontos ou
semiprontos para você comer.
- Contêm excesso de sal, açúcar, gorduras e substâncias químicas, como conservantes, estabilizantes, favorizantes e corantes.